Não espere o cronômetro zerar

                                                                                                                                                                                                                                                               Caiene Cassoli*
Um novo ano se iniciou e com ele muitas promessas, objetivos, sonhos e diversos planos traçados. Alguns novos, outros que vieram de anos anteriores. No final das contas, serão muitas coisas para pouco tempo, pois, como bem se sabe, um dia acordaremos e estaremos no ano seguinte, novamente... Nesse ritmo, em dado momento, que não sabemos muito bem em qual ponto do calendário, teremos tantas coisas dos anos anteriores, que não haverá espaço na lista de promessas para acrescentar coisas novas.
O marco de um novo ano vem acompanhado sempre de euforia e expectativas. Por algum motivo, há a concepção, talvez falsa, de que ao findar uma etapa cronológica, o tempo é zerado e possibilidades mais promissoras magicamente surgem. Exalta-se o novo ano e todas as possibilidades que ele traz, fazendo parecer que o ano que passou, outrora não contava com essa mesma perspectiva. Entra ano novo, adeus ano velho. Há 2018 anos (quando contado apenas aqueles fixados segundo o calendário cristão) tem-se a impressão de que o marco da virada proporciona uma fórmula mágica para apagar os fracassos, erros, desistências, perdas, dores etc. do ano anterior. Ledo engano...
Para que esperar a virada do calendário para iniciar algo que não realizamos e por que não zeramos o cronômetro das oportunidades agora mesmo. Elas, as oportunidades, estão latentes todos os dias. Respire calmamente e veja se não é verdade?
Não podemos esperar zerar o cronômetro para fazer promessas de ser uma pessoa melhor. Podemos ser uma pessoa melhor a partir de agora. Não precisa esperar chegar o próximo 31 de dezembro para dar o pontapé inicial. Aproveite esse momento, o presente é único, igual são as oportunidades.
Não devemos esperar zerar o cronômetro para realizar sonhos. Sonhos se realizam com determinação, com trabalho duro, com foco. E nada disso se limita a datas específicas.
Não devemos esperar zerar o cronômetro para nada, a não ser para marcar um arranque de corrida. Um “ano novo”, na verdade, é só mais uma peça do calendário. Uma folha na parede (se é que elas ainda existem) que possui a mesma ou quase a mesma quantidade de dias que o ano anterior. Quiçá o que se quer fazer nesse período que iniciamos pudesse ter sido feito no anterior. Então, o que faz um ano novo ser melhor do que o ano velho para angariar conquistas? Pare e pense! Sim, você tem mais tempo, um novo leque de possibilidades, mas não olvide que é o mesmo tempo que você tinha quando o ano anterior começou. E outros virão, sempre iguais (no quesito tempo) aos anteriores e isso acontecerá quer você esteja aqui ou não. Não será o ato de zerar o cronômetro que fará que tudo dê certo e seus planos se concretizem. Então não espere pelo “10... 9... 8...” para fazer sua vida acontecer.
Um ano novo.... Maravilha! Daqui há alguns dias você estará pensando em como passou rápido e como muita coisa pretendida não foi feita, desejando um ano novinho em folha para tentar mais uma vez... Quantas vezes você irá esperar zerar o cronômetro para aprender algo sobre a vida, para fazer a vida acontecer? Não se esqueça que você não é eterno neste mundo; os algarismos não virão infinitamente, a vida na Terra acaba (felizmente). E a sua acabará como? Com listas de começo de ano ou com atitudes concretas, reais, tangíveis e realizáveis?
Não seja uma pessoa de listas, planos mal elaborados e sonhos sem determinação. Seja uma pessoa de atitude e atitude não vem somente segundos após a contagem da “virada”. Faça do seu ano um ano produtivo, tenha prioridades, não dispare as espoletas de novas possibilidades a esmo. O ano precisa iniciar e acabar fazendo e dando sentido à existência. E não com aquela sensação de que “já foi tarde”. Quando isso acontece, pode ser que culpa seja sua e se você não agir de modo diferente, vai se culpar todos os anos até a bateria do seu cronômetro se acabar... para sempre.

* É escritora, jornalista e relações públicas formada pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM). Autora do livro “O poder de mudar hábitos”, pela Editora Ideias & Letras. É também pós-graduanda em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Mackenzie (SP).

Para conhecer a obra "O poder de mudar hábitos" acesse → https://goo.gl/aawC4T