No decorrer da história a Astrologia e o Cristianismo viveram uma intensa dinâmica de convivência em controvérsia. Se, de um lado, não foram poucas as altas autoridades eclesiásticas que mantiveram estreitas relações com astrólogos, como que requerendo e aprovando o seu trabalho, por outro lado, na totalidade dos documentos canônicos das três vertentes do Cristianismo, a saber: a Católica, a Oriental (Ortodoxa) e a Protestante, manteve-se no decorrer dos séculos a interdição de toda prática que parecesse ser divinatória, entre elas a da Astrologia.

Mesmo assim, e até em países dominantemente cristãos, como Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Brasil, a Astrologia não deixa de ser praticada e fiéis da cristandade, mesmo quando o fazem com certa culpa ou vergonha, não deixam de consultar astrólogos.

Igualmente, não foram poucos nem mal preparados os pensadores e cientistas que, inclusive contrapostos a outros pesquisadores de vanguarda em sua época, estudavam e praticavam a Astrologia, embora atuassem no âmbito cristão. Entre estes, Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton.

Em todo este longo tempo, três foram as questões centrais, nos campos da Ciência (“a Astrologia funciona?”), da Ética (“a Astrologia desrespeita o livre-arbítrio?”) e da Teologia (“servir-se da Astrologia é violar a fé e a esperança em Deus?”).

As descobertas do século XX parecem oferecer conhecimentos que possam permitir o estabelecimento de pontes de convívio e diálogo entre Astrologia e Cristianismo, à busca de compreender melhor por que ela funciona, de fato, por que ela não desrespeita o livre-arbítrio e por que utilizá-la não é violar a fé e a esperança em Deus.

 

No caminho do diálogo – Passos importantes neste sentido estão sendo dados por um pesquisador brasileiro, o jornalista e escritor Luiz Carlos de Carvalho Teixeira de Freitas, que desde a década de 1980 estuda e escreve sobre o assunto e lançou, no final de julho de 2017, seu sexto livro na área, desta vez sob o tema Astrologia e Cristianismo em diálogo. A Editora Ideias & Letras abraça a mesma causa, junto com o autor, propondo esta discussão e entendimento saudáveis na linha do conhecimento e do esclarecimento de um tema tão importante como este.

Há anos o autor vem trabalhando no âmbito do Pensamento da Complexidade para construir um modelo epistemológico que articule os tradicionais conhecimentos da Astrologia Ocidental, desde Ptolomeu, com os conhecimentos dos séculos XX e XXI, na elaboração de respostas consistentes sobre a validade e a utilidade da Astrologia.

Com base no trabalho de teólogos como S. Tomás de Aquino, S. Agostinho e S. Alberto Magno, e em descobertas contemporâneas da Biologia, da Física de Partículas (Quântica), da Neurociência e da Psicologia, ele avança nas questões da efetividade da Astrologia, da fé e do livre-arbítrio.

“Este meu estudo é estritamente dentro do âmbito cristão, explica o autor, razão pela qual não discuto o assunto dentro de outras religiões, como seriam a budista, a islamita, a judaica ou a hinduísta. Talvez isto venha a ser feito mais tarde. Por enquanto, e porque o Brasil é dominantemente cristão, escolhi ater-me ao Cristianismo. Com isto em vista, o conteúdo do livro se desdobra em três aspectos entrelaçados e apresentados em linguagem de fácil acesso: a) o que teólogos cristãos fundamentais – todos precedentes ao Cisma que deu origem à Igreja Oriental e anteriores à Reforma que deu base à Igreja Protestante, para que eu não me limitasse ao Catolicismo Apostólico Romano – afirmavam sobre a efetividade da Astrologia; b) como se colocava, para estes pensadores religiosos, o respeito ao livre-arbítrio humano, e a manutenção da fé e da esperança em Deus, versus a aproximação com a Astrologia; c) o que, segundo alguns conhecimentos das últimas décadas do século XX, permite julgar que a Astrologia é de fato efetiva, isto é, que ela funciona”.

Segundo Teixeira de Freitas, este livro é apenas um passo no sentido de construir um espaço de diálogo no qual pensadores cristãos e não cristãos, bem como especialistas de diferentes campos de conhecimento científico, possam trocar informações e cotejar conceitos, na tentativa de avançar na compreensão das bases da Astrologia e no melhor entendimento das questões humanas, éticas e religiosas, que sua prática ou seu estudo suscitam.

“É um caminho que demorará a ser mais inteiramente percorrido, diz ele, de tão delicadas e complexas são as questões envolvidas, indo do livre-arbítrio humano, dom de Deus, à existência de dinamismos não materiais e intemporais que atuam com eficiência nas formas de organização da obra de Deus, o mundo, e são detectados pela Astrologia. Sabe-se que um longo caminho começa pelos primeiros passos. Esta minha obra demonstra e explica o início da caminhada”.

 

Para conhecer a obra "Astrologia e Cristianismo em Diálogo" acesse → https://goo.gl/6q33X6